"Aqueles que passam por nós, não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." (Antoine de Saint-Exupéry)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Dia mundial da luta contra o cancro

28 minutos e 7 segundos: Uma entrevista única sobre o cancro na 1ª pessoa.

Muito podia dizer sobre o cancro, porém hoje, não é dele que quero falar. 
Hoje quero falar das pessoas com cancro. 
Essas pessoas que lutam e enfrentam "de frente" esta doença, que por vezes teima em aparecer sem se fazer avisar e que em questão de segundos rouba o chão e a vida a muita gente.
Eu já trabalhei com pessoas com cancro e posso dizer que foi das experiências mais privilegiadas e enriquecedoras da minha vida. São autênticas lições de vida. Pessoas com uma força e uma coragem inexplicável. Pessoas que não admitem que o cancro as domine e as vença! Pessoas que enfrentam o medo e aprendem a tratar o cancro por tu. Pessoas que agarram a depressão e a angústia e as transformam em amor próprio e alegria. Pessoas únicas, que aprendem a viver no dia de Hoje e não no dia de Ontem, ou no de Amanhã. Pessoas a quem lhes é dada uma segunda ou terceira oportunidade de viverem a vida sem egoísmos, ressentimentos, consumismos. Pessoas que VIVEM antes de morrer. Sim, morre-se de cancro. MAS também se sobrevive a um cancro. E é esse meio copo cheio que temos que "beber". 
Um dia, uma paciente contou-me sobre o momento em que decidiu que seria ela a mandar no cancro e não o contrário. Ela entendeu o cancro no dia em que perguntou ao médico, a chorar, se ia morrer? A resposta do médico foi simples: "H. você tem um cancro e vai ser tratada. Porém quando sair do consultório e for atravessar a estrada você também pode ser atropelada e morrer." A H. não precisou de ouvir mais nada. Enxugou as lágrimas e decidiu que a partir daquele dia iria lutar contra o cancro porque tinha essa oportunidade. Infelizmente ela não venceu a luta, mas lutou e viveu até onde lhe foi permitido.
Depois de quatro anos a trabalhar na área de oncologia, a conviver com doentes com cancro, alguns deles em estado terminal, posso afirmar que aprendi a ver e a viver a vida de uma forma totalmente diferente. As pessoas com cancro são realmente especiais e muitas delas VENCEM!


Na minha experiência aprendi três coisas muito importantes:
- Não pesquise sobre o seu cancro, coloque as suas questões, dúvidas, medos ao seu oncologista.
- Cada caso é um caso. Você não é igual ao seu vizinho e não tem que fazer necessariamente parte de um estatística.
- As pessoas tendem a falar muito mais dos casos de insucesso, do que dos de sucesso. Se quer conversar sobre a sua doença procure um porto seguro, um psicólogo, um enfermeiro, um médico. 

Lembre-se você é e sempre será o dono do seu corpo. Oiça-o e previna!



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Coadopção: o direito a ter uma família


Eu sou completamente a favor da coadopção e é muito triste que se tenha que fazer um referendo para se decidir algo tão óbvio e tão pessoal de uma família.
Família é aquela que cuida, ama, protege e educa. Não tem que ser necessariamente a que fecunda e gera. Não tem que ter obrigatoriamente um pai e uma mãe. 
Por ter dois pais e pode ter duas mães. Continua a chamar-se família.   
A estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em posições, socialmente reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente também ela, socialmente aprovada. A família pode então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal, que consiste em duas pessoas adultas e nos seus filhos, biológicos ou adoptados, habitando num ambiente familiar comum. A estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição, quando necessário.
Até aqui tudo bem, se a estrutura se mantivesse na base do tradicional, isto é, na relação de um homem com uma mulher e seus descendentes. Mas os tempos "evoluíram", homens e mulheres lutaram e passaram a poder escolher livremente os seus amores, sem se sentirem ameaçados, oprimidos e discriminados. 
O grave é que os novos tempos não trouxeram mudanças ao nível da mentalidade do preconceito. Costuma-se ouvir dizer que as crianças são cruéis quando emitem as suas opiniões, mas a verdade é que não são as crianças que são más e directas, mas sim os adultos que a educam. O preconceito não é mais nem menos do que a ignorância pura. É tudo uma questão de educação e de evolução. Há que redefinir conceitos, evoluir, aprender e respeitar o direito e a liberdade de cada um. Há que transmitir isso às nossas crianças e ensiná-las a viver sem preconceitos. Somos todos iguais, mas diferentes. E isso é bom.
Há que aprender e aceitar que, todos têm o direito e a liberdade de serem e fazerem alguém felizes. E as crianças deviam de ter o direito legal de ter dois pais, ou duas mães, assim como os tradicionais pais e mães têm. O amor não escolhe idade, raça ou sexo. É simplesmente amor. Se for cuidado, protegido e educado por todos, nada mais será preciso para ser único e verdadeiro.